A Ineficiência da gestão da saúde pública é o que mata milhares de pessoas
- Bruno Betfuer
- 16 de mai. de 2020
- 3 min de leitura
Leitos ociosos no Rio de Janeiro poderiam salvar vidas
Lendo toso os dias os sites de notícia e assistindo aos noticiários, fica escancarado que a última preocupação do governo tem sido se alinhar para prestar uma saúde digna a sociedade.
No final de março, o governador do Rio de janeiro anunciou que oito hospitais de campanha seriam abertos até a semana passada apenas um saiu do papel. Juntos, os que ainda não foram inaugurados preveem mais 1.900 leitos para o estado do Rio. Enquanto isso, 1.115 pessoas aguardam por um leito para tratamento da COVID-19. O estado do Rio possui 1.394 mortes e 14.156 casos confirmados de coronavírus.
Na semana passada um vereador municipal do Rio de Janeiro e um Deputado Estadual realizaram juntos uma vistoria em três unidades de saúde para constatarem que estavam vazios e sem utilização.
O prefeito, para se defender, disse: “A prefeitura informou que é muito importante deixar claro que não há leitos livres na rede municipal de saúde. Esses leitos que aparecem como ‘livres’ estão em unidades especializadas como maternidades, psiquiátricas e pediátricas. Eles não podem ser usados para covid-19, uma vez que há atendimento a cidadãos com outras necessidades que demandam as unidades. Outro motivo de esses leitos, em alguns casos, não serem liberados é o fato de, infelizmente, haver redução de profissionais de saúde devido aos afastamentos terem contraído covid-19 ou por integraram o grupo de risco”.
Para termos a visão mais técnica, fugindo um pouco da política tradicional, cabe ressaltar que foi realizado um levantamento pelo Cremerj (Conselho Regional de Medicina) em parceria com o Coren-RJ (Conselho Regional de Enfermagem) e o resultado mostra que o estado do Rio de Janeiro tem ao menos 1.800 leitos de internação e UTI sem uso em unidades federais de saúde..
Para o cálculo dos leitos ociosos, foram levadas em consideração as vagas não utilizadas nos seis hospitais federais do estado, nos hospitais das Forças Armadas e em institutos da União no território fluminense. De acordo com o Coren e o Cremerj, a inatividade desses leitos se deve à falta de profissionais de saúde e insumos básicos, como respiradores e EPIs (equipamentos de proteção individual)
O Presidente do Cremerj, informou que é importante entender isso: hoje, o Rio de Janeiro possui leitos ociosos que, do ponto de vista da gestão, são de mais simples e rápida operação do que um hospital de campanha. Basta ver quantos já ficaram prontos, quantos estão atrasados nesse momento. Enquanto isso, ao convocar esses profissionais de saúde para trabalhar, o atendimento ganha agilidade.
Já pela visão da iniciativa privada, a Associação Brasileira de Planos de Saúde e Confederação das Misericórdias do Brasil, elaboraram uma proposta de enfrentamento ao Covid-19 que fala em “planos regionais” e se sustenta em quatro pilares: ativação de leitos públicos ociosos, construção de hospitais de campanha, ampliação das testagens e editais públicos para a contratação de prestadores de serviço privados.
Todo esse cenário está para demonstrar que independentemente da sua visão política o que temos visto hoje é um desrespeito ao direito ao acesso à saúde de toda a população, pessoas morrendo na espera do seu atendimento por falta de leitos, estrutura e equipamentos para os profissionais e sobretudo, uma ineficiência do ponto de vista de gestão.
Dentre milhares de pessoas que já se foram, por falta de uma política integrada para a prestação da saúde por parte dos três entes federativos, conforme determina a Constituição é o sr. Luiz Edmundo Bebete de Castro, um idoso de 70 anos que aguardava por um leito sentado em uma cadeira do hospital Evandro Freire, na Ilha do Governador, na Zona Norte.
Enquanto isso, o diretor do corpo clínico do Hospital Federal de Bonsucesso, Julio Noronha, disse semanas antes: "Eu tenho 1.600 leitos, mas tenho 860 leitos impedidos por falta de pessoal ou falta de insumos e medicamentos. Então isso é trágico, isso só escancara, revela nossa fragilidade"
Resultado dessa catástrofe é a inevitável responsabilização do estado como já mencionei em outros textos, como esse ( https://www.brunobetfuer.com.br/post/quando-%C3%A9-culpa-do-estado-a-morte-do-seu-parente-por-coronav%C3%ADrus) e é sobre o projeto de lei que trata dessa matéria que falaremos no nosso próximo artigo.
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